quinta-feira, 8 de abril de 2010

"Crise das Utopias"


Pausada em minhas reflexões, dei-me conta de que sou conterrânea de um mundo em crise. Não me refiro às crises históricas, as quais tecem – paulatinamente- as deficiências nos sistemas hierárquicos integrais: o poderio católico decadente, as deturpadas configurações políticas, e a hegemonia capitalista em declínio¹. E, sim, à lastimável estagnação utópica.

Em tempos modernos, tornou-se raro o tipo de pensamento que venha a converter-se em ação para uma sociedade melhor. As pessoas andam desacreditadas sobre a possibilidade de mudança. E pior: a juventude demonstra apatia a esse quadro clemente por reformas. Senão a força jovem, quem mais será capaz de vigorar os alicerces caducos da comunidade global?

A busca por um modelo de civilização “perfeito” sempre se fez presente na “história das idéias”. Seja na República de Platão ou na própria Utopia de Thomas More. Ambos, apesar dos momentos distintos e distantes, expressaram suas perspectivas acerca de uma vida conveniente.

Já, nos dias atuais, optamos por renunciar a capacidade do pensar humano em prol de uma realidade mais justa. Assim, cedemos ao comodismo. Poucos parecem dispostos a se entregar à vertigem que é se libertar do alheamento ante o coletivo. Enfim, notar as carências sociais latentes e fazer-se responsável por elas.

Contra a banalização do social, a utopia surge como oportunidade de (re)sensibilização do nosso posicionamento perante a realidade. Ou seja, trata-se do ponto inicial para formação de elementos (filosóficos, políticos e econômicos) de uma sociedade nova.

A ousadia de possuir idéias revolucionárias – embasadas na solidariedade, cidadania e justiça social- deveria ser característica inerente a todos. O espírito jovem –marcado pela indignação contra as feridas da humanidade nunca cicatrizadas- deveria habitar em todos.

"O verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor" Che Guevara


¹ Bem, não sei se posso, de fato, usar esse termo.Mas, não achei outro mais apropriado.

terça-feira, 30 de março de 2010

A ética, a tomada de consciência e os modelos de consumo

"Então tudo é incluído no poder,
O poder se faz vontade, a vontade se faz apetite;
E o apetite, um lobo universal
E acaba devorando a si mesmo"

(Shakespeare)


A humanidade está ciente de que, à longa data, enfrentamos uma crise ambiental e, sobretudo, social. Apesar de a situação ser lastimavelmente crítica, ainda há solução. Ou seja, afirmo com bom senso que ainda há cura para esta doença degenerativa, que senão tratada brevemente, continuará tomando proporções gigantescas, quiçá irreversíveis.

A partir de uma visão histórica, vê-se mais do que concreta a colocação de Heráclito “tudo flui”. A sociedade moderna é oriunda da resultante de diversos modelos econômicos e políticos, os quais foram se fortalecendo e resistindo até então. Porém, recentemente, toda essa onipotência está sendo posta à prova. Diante deste cenário, nada mais coerente do que nos questionarmos e nos posicionarmos para, quem sabe, avançar mais uma etapa na história mundial. Se faço tais considerações referentes à economia global, é devido a influência que a mesma possui no âmbito social. Como dizia Marx, a superestrutura (sociedade) é determinada pela infra-estrutura (economia), a qual define um rumo aos indivíduos.

Coexistente à questão social, têm-se a questão ecológica. Desde que o homem passou a ter uma relação de exploração para com a natureza, fez-se a catástrofe. Daí então, juntamente aos problemas ambientais , cresceram as disparidades sociais devido às intenções gananciosas e sempre lucrativas. O estopim foi o dado momento em que o homem viu-se como um ser a parte da natureza, e não como integrante da mesma. Logo, o ser humano passou a negar o compromisso e a responsabilidade de um convívio harmônico e de intercâmbio sadio com o meio ambiente. Enfim, o caos ambiental mostrou-se vigente!

Na verdade, é impressionante como a ambição, essa característica inerente a humanidade, sempre chega as suas limitações e próprias contradições. Tornando-se o próprio monstro destrutivo de tudo aquilo que, anteriormente, buscou construir. Hoje, o mundo pede socorro de todas as formas, e apenas nós temos o poder, o direito e o dever de reverter o quadro. Valendo salientar que medidas paliativas e curativos superficiais não serão o suficiente. É necessária a revisão de todo o sistema, não que isso seja fácil ou instantâneo. Justamente o contrário, o processo é lento e a conscientização geral, mais ainda. No entanto, é a hora de “findar o início”. E sim, é possível!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Besteiras introspectivas



Em verdade vos digo: não estou, por completa, de contas acertadas com meu (estúpido) coração que insiste em se envolver com uns sentimentos exacerbados. Ora! Como se já não fosse difícil o suficiente saber lidar com certos itinerários corriqueiros da vida. Seja lá essa história de largar a “school sweet school” e encarar a universidade; seja a obrigatoriedade de deixar partir, por outras estradas, um amigo muito estimado; ou, até mesmo, a árdua missão de manter o equilíbrio dentre o ambiente familiar...

Bem, muito além dessas atuações, as quais (creio eu) todos procuram cumprir sem sinalizar os possíveis pesares e “pra-que-isso”, eis que esta “engenhoca pulsante” deixa-se sucumbir por implosões avassaladoras.

Nossa... complicado administrar o todo e, ainda, ter que exibir um belo semblante de paisagem diante os alheios! Aquela famosa expressão facial de (dissimulada) normalidade, tão bem desempenhada, especialmente, pela classe feminina.

Ademais, qual finalidade do suposto irremediável, denominado, por muitos: amor, paixão, “fogo de palha” (o que preferir)?! Esse intruso decidido, por si, a arrebatar o que não lhe pertence sem sequer esperar um momento mais oportuno para agir...

Como quem se preocupa em aniquilar minhas indagações e meus ímpetos de revolta, Gabriel García Márquez consta em seu livro O Amor nos tempos do cólera o seguinte trecho:
Tinha que ensiná-la a pensar no amor como um estado de graça que não era meio para nada, e sim origem e fim em si mesmo
Primeiramente: Sim, eu também sou adepta a modinhas! Além do que, nas condições atuais – universitária que só terá o início do ano letivo em agosto-, nada melhor a fazer a não ser compartilhar o ócio.

Aos fiéis amigos possuidores da pretensão de acompanhar meus devaneios (ora nostálgicos e embriagados por uma insanidade descomedida; ora tão lúcidos a ponto de julgar ser a realidade, uma farsa medíocre), serei, de toda, grata!

P.S.: Quanto aos comentários, podem abusar da sinceridade. Superarei um provável fracasso!