Pausada em minhas reflexões, dei-me conta de que sou conterrânea de um mundo em crise. Não me refiro às crises históricas, as quais tecem – paulatinamente- as deficiências nos sistemas hierárquicos integrais: o poderio católico decadente, as deturpadas configurações políticas, e a hegemonia capitalista em declínio¹. E, sim, à lastimável estagnação utópica.
Em tempos modernos, tornou-se raro o tipo de pensamento que venha a converter-se em ação para uma sociedade melhor. As pessoas andam desacreditadas sobre a possibilidade de mudança. E pior: a juventude demonstra apatia a esse quadro clemente por reformas. Senão a força jovem, quem mais será capaz de vigorar os alicerces caducos da comunidade global?
A busca por um modelo de civilização “perfeito” sempre se fez presente na “história das idéias”. Seja na República de Platão ou na própria Utopia de Thomas More. Ambos, apesar dos momentos distintos e distantes, expressaram suas perspectivas acerca de uma vida conveniente.
Já, nos dias atuais, optamos por renunciar a capacidade do pensar humano em prol de uma realidade mais justa. Assim, cedemos ao comodismo. Poucos parecem dispostos a se entregar à vertigem que é se libertar do alheamento ante o coletivo. Enfim, notar as carências sociais latentes e fazer-se responsável por elas.
Contra a banalização do social, a utopia surge como oportunidade de (re)sensibilização do nosso posicionamento perante a realidade. Ou seja, trata-se do ponto inicial para formação de elementos (filosóficos, políticos e econômicos) de uma sociedade nova.
A ousadia de possuir idéias revolucionárias – embasadas na solidariedade, cidadania e justiça social- deveria ser característica inerente a todos. O espírito jovem –marcado pela indignação contra as feridas da humanidade nunca cicatrizadas- deveria habitar em todos.
"O verdadeiro revolucionário é movido por grandes sentimentos de amor" Che Guevara
¹ Bem, não sei se posso, de fato, usar esse termo.Mas, não achei outro mais apropriado.